Em busca de uma “pedagogia” maçónica
Publicado no Excelente blog FREEMASON.PT
Por Ivan Pinheiro M⸫M⸫ e Lucas Dutra C⸫M⸫

Introdução
Assombram, ao Maçom contemporâneo, inúmeras questões, desde as de tempos imemoriais (de onde viemos, para aonde vamos e qual o sentido da vida) até algumas, senão de todo novas, ora revisitadas à luz de tantas e quantas mudanças tecnológicas (notadamente nos transportes e comunicações), sociais (subprodutos da globalização), políticas (hegemonia das ideologias em detrimento dos valores e do pragmatismo conservador), etc.; em síntese, as ortodoxias cedem espaços às inusitadas heterodoxias.
Saberes e valores até então supostos estabelecidos são novamente trazidos (e permanentemente se encontram) à discussão, entre tantos:
- na esfera da geopolítica internacional – os interesses nacionais a autodeterminação dos povos, os referentes ao ecossistema (sustentabilidade ambiental e social, o que perpassa a degradação, as novas formas de energias, as questões migratórias, etc.);
- no campo político – os alcances e os limites das democracias, o relacionamento entre os Poderes da República, a representatividade dos governos;
- na chamada pauta dos costumes – os direitos e deveres da minorias, as questões de género, os novos modelos familiares, referente a idade mínima para responsabilização penal; entre tantas. Inútil tentar elaborar um rol exaustivo de questões que diariamente se alternam, se modificam e se combinam a outras mais para constituir um efectivo caleidoscópio de questões-problemas sempre a desafiar o entendimento.
E a uns mais e a outros menos, são indagações que exigem de todos algum posicionamento, a favor ou contra (para orientar os filhos, conversar com os amigos, navegar por entre as mídias, tomar decisões profissionais, etc.), o que por vezes não deixa alternativas senão a apreciação como se tudo pudesse mesmo ser subsumido a maniqueísmos reducionistas.
Neste cenário de grandes dificuldades e desafios, todos buscam, e de todas as formas, aprimorar as suas condições de, senão lograr sucesso, sobreviver, o que por ora pode ser equiparado a manter a condição de empregabilidade. E ao Maçom é então legítimo perguntar: em meio a tanto, é possível contar o auxílio da Ordem? Entre tantas demandas, qual o sentido de despender tempo e dinheiro para estar a prumo com a Maçonaria? Alguns chegam a ir mais longe, não só indagam como efectivamente esperam um papel proactivo da instituição, notadamente quando os assombros são de natureza política, ideológica e confrontam os usos e costumes legados pelas tradições.
Em meio a esse panorama em que as atribulações são frequentes, a resposta dos autores deste texto é afirmativa: a Maçonaria tem sim uma grande contribuição em favor dos Irmãos! Como aliás sempre teve, ainda que há tempos se observem enormes vácuos, omissões e desvios de finalidade; daí que contrário ao senso de tantas opiniões, também defendem que a sua actuação (a da Ordem) deve passar ao largo das manifestações públicas (bem como intramuros) que denotem engajamento político-partidário. Enquanto fraternidade Iniciática e ecuménica a Ordem naturalmente conta com um amplo espaço, já legitimado, para apoiar os Irmãos no trato das questões levantadas acima. Como? Ao contribuir para a formação e o desenvolvimento do pensamento crítico, qual seja, aquele elaborado a partir de argumentos lastreados em dados e factos objectivos, submetido à ponderação das vantagens vs. desvantagens, à avaliação de alternativas, comprometido com a alteridade, sem prejuízo às idiossincrasias genuínas a cada caso.
Isto posto, este texto, do ponto de vista temático dá sequência a outros [1] que tiveram por objectivo compartilhar com os Irmãos algumas reflexões sobre uma das principais missões da Maçonaria, mas também, pragmaticamente, sugerir uma ferramenta auxiliar com o intuito de facilitar as operações do dia a dia – o trabalho nas e a partir das Lojas. São 2 (duas) as premissas extraídas da literatura maçónica e que amparam essas iniciativas: (1) a de que a ignorância, nas suas mais diversas manifestações, encontra-se na raiz, senão de todos, de muitos ou mesmo da maioria dos males e problemas; bem como que (2) uma das principais aspirações dos maçons, no sentido à qual dirige as suas buscas, é aproximar-se da verdade [2]. Ademais, beira à tautologia afirmar que todo esforço no sentido à eliminação das ignorâncias corresponde, também, a um passo de aproximação à verdade; portanto, é razoável admitir que uma das prioridades da agenda maçónica deve(ria) ser o desenvolvimento sistemático do pensamento crítico, pois se este ao iluminar esclarece e elimina as primeiras, simultaneamente performa tal qual alavanca sobre a segunda.
Portanto, por ora o objectivo é, aos primeiros textos, acrescentar novas estratégias de condução dos trabalhos no sentido ao aprimoramento das iniciativas. Assim, na sequência, para recapitular, mas sobretudo para conferir unidade à estrutura que se propõe, são passados em breve revista (na secção Antecedentes) alguns dos temas já abordados nas publicações anteriores. Este conjunto, então acrescido das novas estratégias, pode ser considerado como o embrião, as primeiras iniciativas no sentido à construção (em processo) de uma “pedagogia” maçónica. A exemplo da pedagogia, a andragogia, em género, é uma metodologia voltada à aprendizagem educacional que admite diferentes espécies formadas a partir de visões de mundo, pressupostos, modelos, técnicas, ferramentas, etc.; todavia, enquanto a primeira é voltada à aprendizagem infantil, a última tem o foco dirigido aos jovens e adultos, como é o caso do público constituído pelos maçons. A opção por manter no título a expressão “pedagogia” deve-se à sua larga compreensão em detrimento da andragogia, designação cujo entendimento é mais reservado, sem que, por este motivo, acredita-se, tenha sido agregado dificuldade conceitual à proposta final de trabalho.
Concluída a revista, na secção Um Passo à Frente são então apresentadas e justificadas as novas iniciativas, mas que também podem ser consideradas estratégias (porque para a eficácia demandam visão, esforços deliberados e continuados no longo prazo) e mesmo procedimentos (porque também aplicáveis ao dia a dia das Lojas) que, a juízo dos autores (amparados na literatura) podem alavancar o desenvolvimento das funções intelectivas mais elevadas, a saber, a imaginação, o raciocínio lógico, a memória, o planeamento, entre outras. Por razões que adiante se tornarão evidentes por si mesmas, foi julgado oportuno destacar uma das “ferramentas de trabalho”: os aforismos, mas também para contrastá-los com as demais.
E tendo em vista que as iniciativas e mesmo a Missão da Ordem são antes meio do que fim em si mesmas, na secção Dois Passos à Frente são então levantadas grandes questões do cquotidiano cuja análise e entendimento ganhariam em qualificação se aos Irmãos fossem oferecidas as condições apropriadas. Mais especificamente, o que ora se refere são directrizes, orientações, metodologias e ferramentas de estudo, tudo encapsulado num Programa de Docência Maçónica para além dos aspectos meramente conteudistas, mas antes e sobremodo orientado no sentido ao desenvolvimento do pensamento crítico. Torna-se claro, então, o posicionamento dos autores: as actividades em Loja, assim os seus desdobramentos, podem (deveriam) ser consideradas oportunidades para o desenvolvimento de habilidades e competências, a realização de efectivos exercícios cognitivos preparatórios ao enfrentamento das questões do quotidiano, no mundo real – vide, por exemplo, Pinheiro (2020a, 2021d). Por vezes parece haver um grande equívoco, como se a passagem da Fase Operativa à Especulativa implicasse no completo abandono do pragmatismo, das utilidades no dia a dia; que não se percam as origens em debates demasiados esotéricos e mais apropriados em outros ambientes.
Finalmente, considerando que todas as iniciativas e propostas devem ser desenvolvidas num ambiente de adultos, a última secção (Andragogia), em resumo, apresenta as características específicas e que não devem ser perdidas de vista em todo e qualquer encaminhamento junto a este público. A secção é concluída com a ilustração de uma das mais simples, mas nem por isto menos eficaz, dentre as ferramentas apresentadas em Um Passo à Frente.
O conjunto dessas observações se constitui, então, em esboço aberto à críticas e sugestões bem como para submissão à prova em cada Loja no sentido à construção de um Programa de Docência Maçónica apoiado nos princípios da andragogia.
Antecedentes
Ainda que o estudo da História acompanhe o Iniciado por durante muitos anos, e seja de grande relevância, em última análise trata-se de matéria propedêutica, pois o estudo do simbolismo está para o Maçom Especulativo, assim como o trabalho no corte, no desbaste e no assentamento das pedras estava para o Maçom Operativo. Numa carta de A. Pike a F. Gould (apud Newton, 2000, p. 41) pode ser lido:
O simbolismo da Maçonaria, que juntamente com o seu espírito de fraternidade constituem a sua essência […] os Símbolos do Universo, antigamente tão eloquentes e hoje tão mudos e sem intérpretes […] a verdadeira grandeza e majestade da Maçonaria consiste em ser ela a guardiã zelosa desses e outros Símbolos; e que o seu simbolismo é a sua alma.
E por oportuno, cabe lembrar que uma das mais usuais definições de Maçonaria é a que a apresenta como um sistema de moralidade velado por alegorias e ilustrado por símbolos; sendo assim, a análise simbólica se constitui tanto em matéria-prima quanto é o processo e o produto final do trabalho do Maçom contemporâneo. Foi essa a motivação que levou à proposição, por Pinheiro (2023), do Modelo Geral de Análise e Interpretação Simbólica (MGA&IS), na ocasião ilustrado a partir do contexto do Regime (Rito) Escocês Rectificado (RER). Em síntese, o MGA&IS sugere que todo evento (representação, utensílio, decoração, etc.) litúrgico, ritualístico ou doutrinário no contexto de cada Rito pode ser estudado a partir de uma chave com quatro níveis de análise, ora também denominados de sentidos de interpretação: o literal; o alegórico; o tropológico; e, o anagógico. O Quadro 1, a seguir, síntese da revisão da literatura promovida pelos autores citados, auxilia o entendimento:
Quadro 1: Níveis de Leitura e Interpretação de Textos & Símbolos

Fonte: Pinheiro, Pellegrini e Varejão (2023)
O MGA&IS, pela sua abrangência, ao organizar, orientar e conferir objectividade às iniciativas, contribui também para manter o foco dos debates (habitualmente tendentes à dispersão) entre os integrantes do Quadro da Loja.
Já em Pinheiro (2021a), após apresentar e discutir algumas questões relativas à “ideia de verdade” (conceito, dimensões, alcances, impasses, operacionalidade, desdobramentos éticos e morais, etc.), o autor ressalta o papel do método (meta + caminho) como estratégia para, senão atingi-la enquanto objectivo do projecto [3], dela o mais próximo se acercar. Finalmente, traz à lume algumas ferramentas [4] (a dialéctica, o silogismo, as quaestio disputata, indução vs. dedução e o moderno método científico) que, mutatis mutandis, desde a aurora da filosofia têm sido utilizadas para organizar, sistematizar e reflectir sobre o conjunto de informações (teorias, hipóteses, levantamentos, experimentos, testes, etc.) que proporcionam a emergência e a compreensão de um quadro lógico (novo, alternativo) que, então, ainda que temporariamente, pode vir a ser instituído como a verdade admitida num dentre os tantos e os mais variados domínios do conhecimento, das ciências naturais (física, química, biologia, astronomia, etc.) às ciências comportamentais e humanas. O que ora importa chamar a atenção é que é destituído de sentido a pretensão de chegar à verdade (e à sua contraparte, a redução da ignorância) sem a adopção de métodos e de ferramentas adequadas no âmbito de um plano de trabalho cujas actividades avançam, se desenvolvem e se consolidam pari passu, como é próprio das Ordens Iniciáticas.
Finalmente, em Pinheiro (2021b, 2021c, 2020b, 2017) poderão ser encontradas não só aplicações da análise simbólica no contexto do RER, mas também, e aí por analogia as considerações se estendem a todos os Ritos, ilustrações sobre fontes de pesquisa, sobre a organização (mais habitual) das formas e dos conteúdos das produções intelectuais escritas, em particular quando em formato de artigos, entre outros tantos aspectos pertinentes à temática.
Um passo à frente
Em sendo a Maçonaria um “sistema de moralidade velado por alegorias e ilustrado por símbolos”, é de se esperar que no contexto dos seus projectos andragógicos seja ressaltada a questão de descobrir as chaves de análise que permitem extrair das alegorias e dos símbolos as mensagens neles ocultadas – o que inicialmente pode ser obtido com o auxílio do MGA&IS. Ademais, porque a maioria dos trabalhos maçónicos são apresentados na forma escrita [5] (ou oral) o problema se resume, no primeiro momento, em aprender nos idiomas nacionais – no caso, o português -, pelo menos os principais veículos e as formas de ocultação mais utilizadas, quais sejam: as conhecidas figuras de linguagem, também denominadas figuras de estilo. E ao reconhecer [6] a presença de uma figura de linguagem o estudioso já estará dialogando com os dois primeiros níveis de interpretação – o literal e o alegórico – apresentados no MGA&IS. Em segundo lugar, para a efectiva decodificação da mensagem, não há outra alternativa senão o acúmulo do que se conhece por “conhecimentos gerais – cultura geral”, a começar pela riqueza de vocabulário, mas também da historicidade pertinente, da evolução dos usos e costumes, das crónicas, etc., pois, como se diz: não há texto sem contexto. O lastro de conhecimentos é conditio sine qua non, pois como analogar sem um quadro de referências? Já é tempo de a Maçonaria, devidamente, enfrentar essa realidade!
E a mais conhecida dentre as figuras de linguagem é a metáfora, que corresponde ao “[…] desvio da significação própria de uma palavra, nascido de uma comparação mental ou característica comum entre dois seres ou factos” (Cegalla, 2020, p. 614). E a metáfora, por reunir as características abrangentes, actua ainda como um guarda-chuva que se estende sobre outras. E dentre as mais conhecidas, tem-se:
- a metonímia, que “consiste em usar uma palavra por outra, com a qual se acha relacionada. Esta troca faz-se não porque as palavras são sinónimas, mas porque uma evoca a outra” (op. cit., p. 615);
- a perífrase “é uma expressão que designa os seres por meio de algum dos seus atributos ou de um facto que os celebrizou” (op. cit., p. 617); e,
- a sinestesia “é a transferência de percepções da esfera de um sentido para a de outro, do que resulta uma fusão de impressões sensoriais de grande poder sugestivo” (op. cit., p. 617).
Isoladas ou combinadas, e também a outras figuras, como as de construção (elipses, pleonasmos, etc.) e as de pensamento (antíteses, eufemismos, hipérboles, etc.), as figuras de linguagem colaboram para compor enigmas sempre à espera de serem decifrados nos 3 (três) níveis superiores de leitura; e o facto de estarem ocultos já carrega em si mesmo a mensagem principal: um convite à reflexão crítica, à busca do equilíbrio no estreito fio da navalha que separa a tradição da renovação, bem como ao desenvolvimento dos processos cognitivos que enriquecem, apuram e elevam o espírito.
As figuras de linguagem admitem graus de complexidade; a metáfora, por exemplo, pode ser apresentada em forma de narrativa, quando então é denominada como parábola [7], das quais a Bíblia [8] é fonte inesgotável e, como todas as parábolas, elas intencionalmente encerram enigmas à espera de decifração. É de se lembrar que vários Ritos maçónicos [9] carregam os legados tanto do Velho quanto do Novo Testamento, daí que conhecê-los é iniciativa de bom alvitre para o devido entendimento da simbologia, das mensagens e dos ensinamentos da Ordem que se encontram escamoteados em meio às liturgias, às ritualísticas e às doutrinas. E para corroborar a observação acerca da importância do lastro de conhecimentos gerais para a análise e a interpretação simbólica, a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10:25-37) [10] terá o seu entendimento prejudicado se o leitor desconhecer, por exemplo, as rivalidades históricas entre os judeus (habitantes da Judeia) e os samaritanos (que habitavam a Samaria) agudizadas a partir das invasões e da conquista promovida pelos Assírios. Já o conhecimento da aridez do território de Israel dá maior amplitude aos ensinamentos a partir da Parábola do Semeador (Mt 13: 1-9; Mc 4). Ambas figuram dentre as mais conhecidas e importantes parábolas do Novo Testamento em razão da (suposta) projecção das mensagens (aconselhamentos) sobre o comportamento dos cristãos (maçons) no quotidiano.
E na sequência da Parábola do Semeador, os evangelistas esclarecem os motivos do recurso às parábolas, a necessidade do conhecimento, bem como as consequências da ignorância:
– Por que lhes falas contando parábolas?
.
Ele lhes respondeu:
.
– Porque a vós é concedido conhecer os segredos do reinado de Deus, a eles não é concedido. Àquele que tem, lhe será dado e lhe sobrará; ao que não tem lhe tirarão inclusive o que tem. Por isso lhes falo contando parábolas: porque olham e não vêem; escutam e não ouvem nem compreendem.
(Mt 13: 10-12)
No caso do RER, a Parábola do Semeador se reveste de um valor singular, podendo também ser utilizada para esclarecer, por exemplo, a diferença entre o Recepcionado (expressão habitual no RER) e aquele que, desde então, poderá ou não ser efectivamente considerado como um Iniciado na Ordem.
E além do conhecimento em si mesmo que cada leitura proporciona, quando acumulados os saberes têm o condão de promover a ressignificação dos conhecimentos anteriores que até então eram dados como definitivamente estabelecidos. O conjunto assim constituído, apreciado em perspectiva cronológica, revela então novas dimensões do conhecimento, a exemplo dos padrões e das tendências configuradas em resposta às mudanças históricas nos usos e costumes dos povos. Um bom exemplo, entre tantos, é acompanhar as mudanças no significado da expressão “justiça” [11] – tão cara à Maçonaria -, do Velho ao Novo Testamento, da Antiguidade à Contemporaneidade (Pós-Modernidade?).
Complementando: só o distanciamento histórico permite identificar padrões que quando revelados deslocam o foco da atenção do episódio singular (aparentemente próprio de um dado momento) para uma dimensão superior, como por exemplo a identificação de um traço de comportamento inerente à natureza humana, portanto, como permanente independentemente do momento. Emergem, assim, novas chaves de análise. E também aqui não há melhor fonte-ilustrativa do que a Bíblia, notadamente as alternâncias (e permanências) reportadas em 1 e 2 Reis (Bíblia, 2006).
Em esclarecimento que ora se faz oportuno, o estudo das parábolas faculta ao estudioso dar um novo salto qualitativo no âmbito do MGA&IS: da leitura alegórica passar à tropológica, de onde se extraem as lições morais, bem como à anagógica. Entretanto, é importante observar que neste último caso são necessários pressupostos adicionais referentes, por exemplo, à concepção de homem e à visão de mundo [12] para conferir a necessária racionalidade compreensiva que autoriza a passagem do nível tropológico ao anagógico, para então atentar às suas implicações no quotidiano.
As metáforas-narrativas também podem vir apresentadas na forma de alegorias que se distinguem das parábolas em razão de encerrarem apenas uma mensagem em cada um dos seus elementos. Mas as alegorias, por sua vez, podem ser reunidas em composições literárias maiores denominadas fábulas [13], nas quais o real e o imaginário (a exemplo de animais antropomorfizados [14]) se entrelaçam para, por vezes em meio às ironias e sátiras, transmitirem vigorosas mensagens morais, quando não, na forma de estratagemas literários, correspondem a verdadeiros Cavalos de Tróia com críticas e ímpetos de transformação social e política, como é o caso de o Livro das Bestas, de Lúlio [15] (2006). Quem, por exemplo, nunca ouviu falar das Fábulas de Esopo [16] (2008) ou das de J. de La Fontaine [17]? Ou ainda do já clássico A Revolução dos Bichos, de Orwell (2007)? Mas enquanto as parábolas bíblicas convidam a extensão da interpretação simbólica até o nível anagógico, as alegorias e as fábulas, de regra, se esgotam no nível tropológico – o das lições morais, dos aconselhamentos aplicáveis ao dia a dia nas sociedades e de acordo com os seus usos e costumes.
Um caso à parte: a popularidade dos aforismos
Em meio a tanto, isto é, como veículos condutores de mensagens ocultas à espera de decifração, há ainda os provérbios e os aforismos. Denomina-se aforismo (ou apotegma, “ditado”, “máxima”, mas também “pensamento”) uma expressão concisa de princípio ou doutrina a respeito de qualquer verdade geralmente aceita, e comunicada mediante uma robusta e/ou memorável asserção. Dito de outro modo, refere-se a textos curtos e sucintos – em geral uma sentença – que assim, em poucas palavras, apresenta um princípio ou regra visando instruir ou aconselhar sobre a vida prática (Xusnida, 2023), mormente o campo da moralidade.
O termo foi primeiramente usado por Hipócrates no seu trabalho intitulado Aforismos, uma longa série de proposições a respeito dos sintomas e diagnósticos de doenças e a arte de curar. Este formato universal de repassar conhecimentos tem recebido por séculos a atenção de literatos, filósofos e docentes, empregados especialmente para lidar com assuntos diversos nas áreas da arte, agricultura, medicina, jurisprudência e política; aplicações tão diversas justificam o adjectivo “elásticos” quando alguns autores referem aos aforismos.
Um dos primeiros e mais famosos trabalhos na forma de aforismos é o Manual (Encheirídion) de Epicteto [18], compilado pelo seu discípulo Lúcio Flávio Arriano a partir das notas tomadas durante as aulas do seu mestre (Nascimento, 2008). Através do seu aluno Júnio Rústico, Epicteto exerceu influência sobre o Imperador Marco Aurélio [19]. Além de ter inspirado autores cristãos da Antiguidade, a influência do Manual é de tal ordem que desde o Renascimento até hoje ele tem sido objecto de estudos. Em recente publicação sobre A Arte de Viver – o manual clássico da virtude, felicidade e sabedoria, de Epicteto (2018), S. Lebell declara: “Para apresentar os ensinamentos de Epicteto da maneira mais directa e proveitosa possível, seleccionei, interpretei e improvisei a partir das ideias contidas no Enchiridion e nos Discursos […]” (op. cit., p. 10).
Modernamente, numa das suas maiores expressões podem ser vistos na obra do filósofo prussiano Arthur Schopenhauer [20] denominada Aforismos para a Sabedoria de vida (Schopenhauer, 1851, 2020), um relato brilhante e sereno sobre a vivência acumulada na sua longa existência. De toda a enorme produção do filósofo, esta obra – que propõe uma eudemonologia [21], ou seja, escritos morais para uma vida feliz ou menos infeliz (Ferreira, 2016) – também tem sido estudada na Academia a respeito da sua efectiva operacionalidade, mediante a liberdade opondo-se à vontade (Pereira, 2018).
De estilo muito flexível, os aforismos por vezes são expressos com viés cómico (Fernandes, 1977 e 2020), satírico ou irónico (Castro, 2007), todos de inegável importância para a Educação em geral (Dadaboeva et al, 2022) por despertar o interesse pelo pensamento a respeito do amplo entorno que o cerca, entre outras qualidades, sendo encontradiço o uso de aforismos em materiais didácticos como livros, apostilas e exercícios. Imagine-se a operacionalidade de um livro de História poder incluir aforismos seleccionados de autores de diferentes épocas, promovendo o debate a partir da diversidade de perspectivas sobre a importância da educação para o desenvolvimento de uma sociedade.
Como são de fácil entendimento, imediata apreensão e memorização, e juridicamente considerados de domínio público, mais recentemente, com as redes sociais, os aforismos tiveram a sua utilização efectivamente universalizada – o sonho de todo educador enquanto ferramenta potente. Por vezes rimados, mas a maioria em versos brancos, e como pode ser observado nos exemplos a seguir, a muitos são atribuídas autorias nem sempre confirmadas, mas nestes casos parece haver um claro intuito: o reforço da mensagem a partir do argumento da autoridade. Quem ousará discordar?
“São necessários dois anos para aprendermos a falar e sessenta para aprendermos a calar” – E. Hemingway
“Os ideais que iluminaram o meu caminho são a bondade, a beleza e a verdade” – A. Einstein
“Só sei que nada sei” – Sócrates
Um alerta, talvez para alguns desnecessário: embora os textos didácticos estabeleçam diferenças, nem sempre são claras as fronteiras entre as parábolas, as fábulas e os aforismos (e em meio aos quais ainda existem os provérbios, salmos, lendas, etc.), vide, por exemplo, Gibran (2012). Não importa, o que importa é que todos podem ser vistos (e efectivamente são considerados) como espécies do género “ferramentas educacionais” para o desenvolvimento do pensamento crítico.
Todavia, se há vantagens, há também senões frente aos quais não se pode fechar os olhos, pois ao contrário das parábolas que para a sua interpretação tendem a exigir maior estofo cultural, os aforismos de imediato provocam sentimentos e manifestações: todos têm algo a dizer sobre, mas, salvo excepções, são antes opiniões do que conhecimento enquanto produto de reflexões amadurecidas – pensamento crítico. Os encantadores aforismos, em razão do seu fácil entendimento, apresentam reduzida exigência às funções intelectivas mais acuradas (imaginação, memória, análise, lógica, entre outras), quando muito eles demandam não mais do que instantes de atenção; já as metáforas-narrativas-parábolas, para a plena apreensão da polissemia que as caracteriza, requerem a evocação combinada de múltiplas funções do intelecto superior. Assim, se de um lado é claro que existe um gradiente de dificuldades (para a análise e interpretação) que separa as metáforas mais complexas (a exemplo das parábolas) dos aforismos, o exercício continuado de uma ou de outra é provável que resulte em níveis também diferenciados de desenvolvimento e amadurecimento no sentido à eliminação da ignorância e da maior proximidade à verdade – como visto, os grandes objectivos da Ordem.
Os aforismos autorais são deveras apropriados a uma derradeira observação: até chegarem a elaboração definitiva do que hoje se difunde como sabedoria popular, é muito provável que os seus autores tenham dedicado horas a fio aos estudos, à reflexão, ao debate e à análise crítica – por exemplo, vide acima o comentário sobre a obra de Schopenhauer, mas também é o caso de as Meditações, de Antonino (2019). Embora apresentado em forma de texto corrido, o livro por vezes chega a ser confuso porque quase que em meio a cada parágrafo destaca-se um aforismo, uma lição para o quotidiano; com efeito, Bini, o tradutor e comentarista da obra observa:
Meditações […] o nome original (Reflexões – para si mesmo) indica explicitamente o carácter de privacidade e até intimista desses escritos. O visível tom de autoadmoestação, autocrítica, confissão e, por vezes, desabafo […] um diário atípico que não era para ser publicado […] Marco Aurélio não foi exactamente um filósofo estóico, mas sim um estóico, uma vez que levou à prática e em larga escala os princípios da doutrina estóica, tanto no âmbito pessoal como, na medida do possível, na sua intensa e árdua actividade como governante do Império Romano [22].
(Antonino, 2019, p. 9)
Assim, ao invés de um insight fugaz e genial, é de se sublinhar que o conhecimento (inserto como mensagem no aforismo) é antes produto da vontade, da determinação e do esforço continuado no longo prazo dos autores. Daí porque se reitera: o conhecimento efectivo (o produto da vivência) encontra-se introjetado nos “autores” (anónimos ou não), o texto é tão somente uma síntese, a aparência externa, um convite estimulante à reflexão. Portanto, os resultados e os ganhos pela escolha, grosso modo, se de uma (as parábolas) ou a partir da outra (os aforismos) fonte de estudo, por certo, devem [23] ser distintos.
A leitura, como é sabido, é o substrato para a formação do conhecimento indispensável à análise e à interpretação simbólica, mas a falta do seu hábito entre os maçons – Breyner (2023) resgata e comenta o já clássico texto de Albert G. Mackey [24] – tem levado ao desenvolvimento de algumas estratégias por parte dos autores e mesmo das autoridades responsáveis pelos destinos da Ordem, notadamente ao nível das Lojas. No entanto, a exemplo do “uso habitual do cachimbo que deixa a boca torta”, tais estratégias engendraram um círculo vicioso cujos efeitos já se têm feito perceber em meio a ecologia maçónica. Talvez um dos melhores exemplos, porque a meio caminho dos extremos apresentados (parábolas vs. aforismos) seja o hoje famoso Breviário Maçónico, de Camino (2021) – repositório de pequenas lições maçónicas, sem grandes elaborações, confrontos de ideias, citações, referências e tampouco mensagens subliminares à espera de decifração – “conhecimento prático” para utilização imediata, tipo “pega-embrulha-leva-usa”. E por oportuno se reitera, bem como se ressalta: a crítica não se dirige ao texto propriamente dito, mas à sua reduzida contribuição ao desenvolvimento das capacidades superiores que, aliadas às comodidades, limitações e, por que não reconhecer, opções individuais, delineiam a boca torta. Entretanto, como testemunho da sua ciência em relação à aridez do cenário no qual semeava, ele mesmo esclareceu:
Desenvolver o hábito da leitura diária não é tão fácil como possa parecer; contudo, o Maçom deve decidir com firmeza e enquanto não puder caminhar com as próprias pernas, deve usar de muletas. A comparação, talvez, não seja prosaica, mas é uma realidade; assim, esperamos que as “gotas” que oferecemos, despretensiosamente, possam servir, como se fossem doses homeopáticas de incentivo e alento. Devemos alertar que não é suficiente a leitura apressada […]. (op. cit., Apresentação)
Qual seja, o afamado autor já acalentava a expectativa de que incentivado por doses (gotas) homeopáticas de leitura (conhecimento), o organismo reagisse.
Em síntese, o emprego generalizado e continuado de apotegmas e assemelhados tende a levar os desavisados e mal orientados à crença de que o “conhecimento” desejado se esgota na mensagem mais imediata, quando, com efeito, o que se pretende é que o exercício de decifração dos enigmas (que nas metáforas de maior ordem de complexidade estão mais encobertos) seja antes de tudo um instrumento para o desenvolvimento das habilidades superiores indispensáveis à vida tal como ela se apresenta, um desafio diário. Na mesma linha – para configurar a boca torta – contribuem os “trabalhos” limitados a 2 (duas) [25] páginas, bem como as “apresentações relâmpagos” (não mais do que em até 10 minutos) calcadas essencialmente na passagem acelerada de um conjunto de slides. Assim, o que era para ser uma solução provisória (o uso das muletas), não mais do que por um interregno porque a realização possível à luz das circunstâncias excepcionais, com o tempo e aos poucos passa a ser confundida com a própria realidade, quando não na sua forma mais idealizada.
Assim, gradualmente, parece ficar mais clara a necessidade e daí o esforço no sentido à elaboração de uma “pedagogia” (andragogia) maçónica. Sem perder de vista que a Maçonaria é meio antes de fim em si mesma, e que as suas preocupações e os seus objectivos não se esgotam no imediato, qual é então a utilidade do emprego sistemático de uma metodologia – a exemplo do MGA&IS – lastreada em robusta formação e treino na decifração de enigmas velados por alegorias e ilustrado por símbolos? Ora, não poderia ser outra coisa senão os benefícios colhidos por uma mente mais capacitada e desenvolvida quando frente aos problemas do quotidiano. É razoável admitir que mentes treinadas, de regra, respondem aos desafios com visão mais ampliada, maior celeridade, criatividade, responsabilidade, taxas de acerto, são mais flexíveis, mas também temperadas e resilientes, entre outros aspectos. E conforme já citado, não é outro o papel da Maçonaria que não o de, a partir do desenvolvimento do pensamento crítico e aguçado, contribuir para a promoção do homem integral. De outro lado, mesmo para aqueles que as convicções não admitem uma realidade para além do mundo sensível – metafísico – a Maçonaria pode contribuir no sentido à maior aproximação com os transcendentes fundamentais da filosofia: a verdade, o belo e o bem.
Dois passos à frente
Caracterizados os elementos básicos de uma metodologia de estudos continuados (com método, programa, ferramentas, objectivos, etc.), o que se pretende, agora e a partir de 3 (três) breves exemplos, é estabelecer uma ponte entre ganhos potenciais contabilizados a partir dos exercícios e das práticas em Loja (mas também extra Loja) e a sua aplicação à realidade quotidiana.
- é muito próprio da Maçonaria afirmar, como norma de conduta, que todos devem “levantar (alguns textos referem a erigir, erguer) templos à virtude e cavar masmorras ao vício” – mais um perfeito apotegma. Ocorre que no mundo real e em sociedades culturalmente mais homogéneas, praticamente não há dúvidas no reconhecimento entre o bem (as virtudes) e o mal (os vícios), ainda que uns, por incontáveis motivos (mas entre eles não se encontra o desconhecimento), escolham este (o vício) ao invés de aquela (a virtude), por vezes levados pelas circunstâncias ou contingências. Não é, pois, nesse plano, que no mundo real se verificam as escolhas dos Irmãos de Ordem, e tampouco tem sentido a referência ao enfrentamento de dilemas entre o bem mal. Assim, em princípio, não caberia dedicar maior tempo, esforço e laudas com a matéria. Os verdadeiros dilemas sociais, do quotidiano, estão mais próximos do que se tornou conhecido como Escolha de Sofia: comprar comida, pagar aluguel ou a mensalidade escolar dos filhos? Despender com o medicamento de uso contínuo pelos pais idosos ou com a compra emergencial para atender as necessidades dos filhos menores? Haverá circunstâncias em meio às quais os fins justificam os meios [26]? A sinceridade acima de tudo, como princípio fundante, ou é admissível transigir com a mentira inconsequente? E quando é preciso escolher entre 2 (dois) preceitos fundamentais, dilema exposto, por exemplo, em Mt 12: 9-13:
Dirigiu-se a outro lugar e entrou na sua sinagoga. Havia aí um homem que tinha uma das mãos paralisada. Perguntaram-lhe, com intenção de acusá-lo, se era lícito curar no sábado. Ele respondeu:
– Suponhamos que um de vós tenha uma ovelha e num sábado ela caia num buraco: não a agarrará e a tirará? Quanto mais que uma ovelha vale um homem! Portanto, é permitido no sábado fazer o bem.
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Então disse ao homem:
.
– Estende a mão.
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Ele estendeu-a e ela ficou tão sã como a outra. Os fariseus saíram e deliberaram como acabar com ele.
A passagem, ainda que curta, é rica à exploração especulativa, da discussão e da atenção necessárias contra eventuais armadilhas retóricas (“pegadinhas”) à construção do argumento lógico-convincente que dá sustentação à escolha entre fazer o bem (curar) ou cumprir a lei (preceito religioso). Dessarte, acredita-se que o enfrentamento sistemático de questões análogas, em tese ou a partir de casos concretos – a exemplo dos trazidos à Introdução deste texto -, melhor prepararia os homens (os Irmãos) do que as reiteradas obviedades das exaltações do bem face ao mal;
- é também próprio à cultura maçónica a promoção da leitura parcial (por certo, a positiva) de determinados eventos, períodos históricos e personagens por vezes tratados como colectivos, como é o caso dos Cruzados – sempre lembrados como protectores dos viajantes, libertadores da Terra Santa e precursores das actividades bancárias – e também o dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão – a Ordem dos Cavaleiros Templários, estes, por mais motivos ainda, sempre enaltecidos na Ordem. A própria historiografia ocidental já aponta para os exageros cometidos – mas vide também Maalouf (2007) -, afinal, eram guerreiros; certamente que lhes são devidos o reconhecimento, a alguns pelos prováveis actos de heroísmos, mas longe de serem, como por vezes se apresenta, quase canonizados. David e Salomão invariavelmente são exaltados, mas poucos (no seio da Maçonaria) referem (com o intuito de debater) às ignóbeis iniciativas de Davi, relatadas em 2 Sm 11, e que vieram a constituir o que é conhecido como o Pecado de Davi. Já do seu filho, Salomão, são reverenciadas a sabedoria, a riqueza e a construção do Primeiro Templo, omitindo-se quase que por completo (dos debates e das reflexões) a extraordinária carga de impostos e sacrifícios que instituiu para financiar os seus empreendimentos, que não se limitaram ao Templo. Ademais, foram as suas atitudes que levaram, primeiro, à divisão das Doze Tribos em 2 (dois) reinos (Judá-sul, Israel-norte), e depois de sucessivas guerras internas, as derrotas e o exílio, para a Assíria, dos que habitavam o norte, e dos judeus para a Babilónia. É plenamente razoável conjecturar que a História teria sido outra não houvesse Salomão realizado o que pouco é explorado nos trabalhos Instrucionais. Estes exemplos são suficientes para questionar: o que mais contribui para o preparo, para a formação e o desenvolvimento integral do ser humano – em especial o seu senso crítico, foco deste texto e a razão de ser de um projecto andragógico -, analisar e debater a realidade tal como ela se apresenta (“nua e crua”) ou pinçar eventos e personagens depurados para então exaltá-los como modelos cujos passos devem ser seguidos? Reconhecer e celebrar os heróis, mas não os deificar;
- finalmente, em razão da herança judaico-cristã prevalecente no mundo ocidental, devida muito mais à segunda do que à primeira, um dos pressupostos fundamentais de todas as iniciativas é o da bondade como índole intrínseca à natureza humana. Por atacado e no longo prazo, sem dúvida que esse foi um elemento civilizatório, muito embora Kelley [27] (2011), lastreado em vasta pesquisa questione severamente “o mito do bom selvagem”. Mais recentemente, o trabalho de Bregman (2021), igualmente robusto, reacendeu o debate que situa T. Hobbes [28] (para quem o homem é intrinsecamente mau) e J. J. Rousseau [29] (para quem os homens são bons), bem como os seus seguidores, em lados diametralmente opostos. Quem, hoje, ao acompanhar os noticiários, não se prende a especular sobre o assunto? Seria leviano, e tampouco é o intento, firmar aqui posição definitiva acerca das polémicas. O que se pretende é antes trazer à pauta um dos temas contemporâneos e relevantes à espera de debates qualificados, só possíveis entre aqueles que (por suposto) não se encontram separados por religiões e ideologias. O conhecimento e as crenças acerca da natureza humana são essenciais, constituindo-se como efectivas balizas norteadoras dos comportamentos, dos sentimentos e das expectativas nos relacionamentos, estabelecendo, por exemplo, os níveis de confiança (no limite, de desconfiança), de medo, de empatia (ou frieza e distanciamento), de altruísmo (egoísmo), etc. Por esses motivos, s.m.j., amadurecer as reflexões sobre o tema [30] é matéria do maior interesse da Ordem.
Vistas algumas condições de fundo, em apreciação crítica, acerca das condições de operacionalidade do que se pode, à falta de expressão específica, denominar de metodologia da didáctica maçónica, bem como algumas propostas para desenvolver a análise e a interpretação simbólica, a questão que ora se levanta é: quais as características do público-alvo? Bem como, de que modo essas características podem balizar um projecto que em última análise se destina ao ensino e à aprendizagem de um público adulto, alguns já em avançada idade?
Andragogia
Karolczak e Karolczak (2009, p. 83) apresentam um resumo das características que distinguem o público-alvo da andragogia:
- Conceito de aprendente: aquele que é autodirigido, o que significa que é responsável pela sua aprendizagem, e estabelece e delimita o seu próprio percurso educacional.
- Necessidade do conhecimento: os adultos sabem melhor do que as crianças a necessidade do conhecimento.
- Motivação para aprender o modelo andragógico leva em conta as motivações externas, como melhor trabalho, salário, mas valoriza, particularmente, as motivações internas relacionadas com a própria vontade de crescimento, como auto-estima, reconhecimento, autoconfiança e actualização das potencialidades pessoais.
- O papel da experiência: o adulto entra no processo educativo com muitas experiências, assim o professor e os recursos instrucionais, como livros e projecções, não garantem o interesse pela aprendizagem.
- Prontidão para a aprendizagem: o adulto tem orientação mais pragmática e está pronto para aprender o que decide aprender. Ele se torna disponível para aprender quando pretende melhorar o seu desempenho em relação a determinado aspecto da sua vida. A sua selecção de aprendizagem é natural e realista: por isso muitas vezes ele se nega a aprender o que os outros lhe impõem. Além disso, a sua retenção tende a decrescer, quando percebe que o conhecimento não pode ser aplicado imediatamente.
Ora, à excepção do item 3 no que ressalta características mais próximas ao mercado de trabalho, todos os demais, com maior ou menor propriedade podem ser identificados no Maçom contemporâneo:
- o item (1) aliado à exigência de o Maçom ser livre, afasta qualquer tentativa de imposição nas relações de estudo, ensino-aprendizagem. As estratégias devem vir ancoradas no conhecimento das motivações (de ordem pessoal, familiar, profissional) intrínsecas a cada um, bem como na construção de uma agenda de trabalho que responda às necessidades individuais. Por certo que dificilmente serão contemplados interesses específicos, mas as expectativas do colectivo – do Quadro da Loja – também por certo que não se distanciam dos grandes temas da actualidade, como foi, há alguns anos, a celebração do tricentenário da Maçonaria Moderna e, mais recentemente, o destaque conferido à pandemia, à inteligência artificial, às guerras, à exposição pública e política da Ordem no Brasil, etc. De outro lado, ao informar que cada um tem o tempo próprio de aprendizagem, é preciso ter o cuidado para não cair no vazio: a não oferta, a falta de iniciativas sob o argumento de que cada um saberá delinear a sua própria trilha, porque não se trata, aqui, de algum fenómeno de geração espontânea, daí que nada deve escapar à intencionalidade racional e planeada da administração da Loja;
- os itens (2) e (4) chamam a atenção para o que de tão óbvio é frequentemente ignorado: mesmo o jovem adulto Iniciado é detentor de conhecimentos e experiências que sob a orientação das Luzes idealmente devem ser compartilhadas com o Quadro; assim, todos crescem. E o que é mais importante: porque repletos de expectativas, algumas ainda difusas como às relativas à própria Ordem, de regra são pessoas com a mente mais aberta, mas também de ideias à primeira vista mais ousadas (A). Já os Iniciados em idade mais avançada, se de um lado trazem à Loja a sua vasta experiência, de regra tendem a ser mais resistentes no enfrentamento de determinados temas, como é o caso do conjunto de questões ora sob o abrigo da expressão “questões de género”. Ciosos dos saberes acumulados, os interesses desse último grupo são mais focados, e por vezes mesmo se resumem a encontrar um espaço para, orgulhosamente, compartilharem as suas trajectórias (B). Mas para o perfeito atendimento das expectativas, tanto de A quanto de B, se faz necessário que as Luzes estejam atentas, conheçam a fundo o seu público, a essência das pessoas: o que mais, além de um nome e matrícula as identificam? Quais as suas histórias de vida, êxitos, fracassos, as relações familiares, os seus sonhos, etc.? Mas quem, hoje, na Loja, conhece efectivamente o público-alvo? É possível chegar a um conhecimento tão profundo e mesmo íntimo (afinal, somos uma família) quando há Lojas (capitaneadas pelos interesses de alguns [31]) que ostensivamente trabalham para a constituição do que, a julgar pelo efectivo e orçamento, mais se parece com um projecto de poder? Como promover o mútuo conhecimento se os relacionamentos extra Loja se limitam aos breves momentos que antecedem as sessões?
- finalmente, porque ora não é possível exaurir todos os aspectos, o item (5) alerta para o pragmatismo do Aprendiz adulto, a sua motivação (interesse, dedicação, persistência, etc.) tende a ser directamente proporcional à utilidade identificada no objecto (conteúdo) de estudo vis-à-vis as expectativas formadas, daí a atenção aos pontos utilizados como exemplos na secção 3 Dois Passos à Frente.
Sobre os aforismos, conforme visto, alinham-se vantagens, mas também desvantagens; contudo, por oportuno e como um subproduto das apreciações anteriores, emerge uma vantagem adicional quando em perspectiva um público andragógico e diversificado: pela simplicidade que encerram, eles podem se revelar como excelentes pontos de partida. Devido à simplicidade, torna-se mais facilitado o atingimento dos objectivos, o que afasta as frustrações, confere sentido prático (utilidade) e alavanca a motivação. Assim, por exemplo, o Salmo 133 (Bíblia, 2006) pode ser lido e decodificado tendo por base os 4 (quatro) níveis de interpretação resumidos no MGA&IS, bem como ter os respectivos entendimentos associados à contribuição agregada no sentido ao polimento das pedras brutas indispensáveis às construções diárias.
E tantos outros aforismos, salmos e lendas carregam lições sobre os valores e as virtudes tão propagadas na Maçonaria que não será difícil às Luzes identificar os mais apropriados aos seus respectivos públicos, quais sejam: aqueles sobre os quais as intelecções realizadas, directa ou indirectamente, poderão contribuir no sentido à qualificação das reflexões que, por analogia, podem vir a ser apropriadas como auxiliares ao entendimento e quiçá equacionamento dos problemas do quotidiano.
O uso de aforismos é inegável recurso propedêutico, de mais fácil introdução e aceitação na população brasileira em geral que mal lê e lê mal, e menos ainda tem o costume de reflectir, dadas as mazelas do seu sistema educacional, em todos os níveis. A parcela de analfabetos funcionais entre o alunado é facto lamentável há tempos, e já há indícios de que os sistemas informatizados e a digitalização voraz, ao contrário das expectativas, contribuíram para agravar a situação. E a Maçonaria, a começar pelo processo de indicação e selecção, não pode passar ao largo, como se não lhe dissesse respeito, desse quadro geral. Todavia, a adopção massiva na contemporaneidade dos recursos de mentoria, aliada, num primeiro momento, ao uso de aforismos como suporte instrucional, pode vir a ser uma alternativa factível em curto prazo.
Considerações finais
A história é importante, mas não é a alma da Maçonaria, que pode ser encontrada no simbolismo à espera de decodificação. Por sua vez, a interpretação simbólica não pode ser levada a esmo, nem apartada das liturgias, das ritualísticas e das doutrinas que compreendem os Ritos e Regimes, e tampouco sem a orientação de um quadro de referências que lhe sirva como baliza, caso contrário prevalecerá o caos à semelhança de quando em construção a Torre de Babel. Ademais, é absolutamente necessário, indispensável até (em razão do público envolvido), que se tenha claro que a análise simbólica (e com mais razão ainda, a esotérica) não é fim, não se esgota em si mesmo ainda que, s.m.j., muitos estejam convictos desta condição. Mas se ela em alguma medida também é conhecimento, é antes e sobretudo um exercício cognitivo para robustecer o corpo, a mente e o espírito para o enfrentamento das questões que diariamente a todos assombram, desde as angústias existenciais até as de ordem profissional, mediadas pelas que permeiam os relacionamentos em geral.
Convictos desse posicionamento, os autores deram então continuidade às reflexões preliminares mediante a agregação de novos elementos, cujo conjunto, agora ampliado aponta no sentido à elaboração de um modelo de “pedagogia andragógica” a ser considerado no âmbito de um Programa de Docência Maçónica independentemente do Rito ou Potência.
O salto quali-quantitativo, que se espera seja oportunizado pela Maçonaria, se desdobra então em 2 (dois) momentos: no primeiro, o amplo “sistema de moralidade velado por alegorias e ilustrado por símbolos” pode ser lido e apreendido a partir das categorias do MGA&IS, mas para a adequada e melhor compreensão de cada nível de leitura há exigências a exemplo do lastro cultural e do conhecimento das figuras de linguagem que, combinadas ou não, carregam as mensagens ocultadas. Finalmente, não se pode perder de vista que os exercícios realizados e as lições até então aprendidas e apreendidas só encontram a sua razão de ser enquanto instrumentos analógicos para a leitura, a interpretação e o enfrentamento das questões do quotidiano – este, o segundo momento -, quando a Ordem então revela o seu sentido prático para os Irmãos.
A Maçonaria pode, à critério dos seus dirigentes, promover ou não (por omissão) uma plataforma-auxiliar aos Irmãos, capaz de fazê-los sentir como se apoiados sobre os ombros de gigantes, proporcionar com que enxerguem mais longe, bem como consigam discernir (separar o joio do trigo – Mt 13: 24-30) com clareza e entendimento por entre às ambiguidades e às fake news intencionadas em meio à guerra cultural em curso.
Ivan A. Pinheiro, Mestre Maçom. E-mail: ivan.pinheiro@ufrgs.br. Brasil, RS, Porto Alegre, 28.09.23.
Lucas V. Dutra, Companheiro Maçom do Quadro da ARLS Presidente Roosevelt, 75, GLESP, Or. de São João da Boa Vista, Psicólogo, Professor Doutor em Psicologia, Especializado em Maçonologia (UNINTER), e-mail: dutralucas@aol.com. Os autores não expressam o ponto de vista das Lojas, Obediências, Potências e Instituições das quais participam, tão somente exercem a sua liberdade de pensamento e expressão.
Notas
[1] Do autor, deste em parceria directa ou indirecta, isto é, por contar com proposição de ideias e a revisão crítica de outros Irmãos, notadamente o ora co-autor.
[2] Seja ela a revelada ou a descoberta, pois tanto Huxley (2020) quanto Stark (2021), demonstram que a distância entre ambas é tão somente aparente, pois uma – a busca pela verdade revelada (divina, no âmbito do criacionismo) – levou à outra, à verdade descoberta (científica, no contexto do evolucionismo). Em síntese, oas monoteísmos, ao trazerem inusitadas e desafiadoras questões à filosofia, levaram, naturalmente, à emergência das ciências como actualmente qualificadas. Stark e Bainbridge (2008, p. 110), por exemplo, afirmam: “As religiões surgem da reacção humana contra a irracionalidade”.
[3] Para maior facilidade, ao invés de buscar a verdade na sua maior expressão e abrangência, o melhor é aos poucos dela se aproximar, projecto a projecto, símbolo a símbolo, Grau a Grau.
[4] Os autores se alternam no emprego das expressões “estratégias”, “ferramentas”, “abordagens”, “procedimentos”, “enfoques”, entre outras que, embora a rigor não sejam sinónimas, no contexto ora considerado as diferenças se tornam irrelevantes.
[5] Em que pese a sua riqueza, diversidade, e actualmente acessibilidade, as artes pictóricas ainda estão à espera de exploração pelos maçons. Os interessados em descobrir o quanto de informações podem ser extraídas a partir de uma pintura (na verdade o autor aproveita a oportunidade e explora outras) podem consultar Brook (2012). Das catedrais já foi dito que são “livros de pedra”, assim, quem os quiser ler e desvendar as mensagens encobertas podem recorrer a Fulcanelli (1964) e Abrahão (2012). Finalmente, para uma visão panorâmica, o clássico de Gombrich (2013): A História da Arte.
[6] E uma das estratégias é “por absurdo”, “por impossibilidade”. Tome-se a seguinte frase-exemplo: “toda profissão tem seus espinhos”. Ora, a rigor, no mundo das coisas reais, nenhuma profissão possui espinhos, portanto, trata-se de um absurdo e a citação só pode ser apreendida no contexto de uma mensagem alegórica, no caso, para expressar as dificuldades, os riscos e mesmo as armadilhas que, porque existentes em toda e qualquer profissão, demandam atenção e cuidado.
[7] Do latim parabola deriva o nosso vocábulo “palavra”.
[8] Não se refere, aqui, bem como em outras circunstâncias neste texto, à Bíblia como documento religioso, mas antes como um dos principais livros da literatura universal, que pela sua riqueza e diversidade é fonte para diversas explorações. E a literatura, como é sabido e ao contrário do texto técnico-profissional, tece, urde e combina os fios da História com os das narrativas ficcionais, quando então e sem parcimónia até se amanceba com as figuras de linguagem e outras. Portanto, a Bíblia (literatura) é a fonte natural dos que desejam não apenas se enriquecer de conhecimentos, mas também dominar os meneios do idioma, que é um dos desafios que se apresentam aos Irmãos de Ordem. Por fim, não raro a literatura se apresenta à vanguarda dos eventos que só a posteriori estarão plenamente revelados e compreendidos.
[9] Como é o caso do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), bem como do Rito Escocês Rectificado (RER).
[10] Bíblia (2006).
[11] Da justiça desmedida (desproporcional) que se confunde com a vingança à Lei de Talião, para então desembocar no Direito positivo romano, seguido do Código Napoleónico para finalmente chegar ao Moderno Estado Democrático e de Direito. E que não se perca de vista a justiça (comutativa, distributiva e social) levada a efeito pelas políticas públicas.
[12] Dentre as suposições, a da existência de uma inteligência superior e inefável (o Uno, o Absoluto, etc.), a de que ao invés da dualidade corpo vs. mente, prevaleça (em todas as considerações) a concepção do homem holístico (corpo=físico; psico=mente, consciência; alma e espírito), a crença no advento e nas profecias escatológicas, o que implica que o sentido da vida só se realiza em definitivo no plano transcendente, daí também o imperativo da imortalidade da alma – em síntese: fé.
[13] De fabulare, conversar, narrar.
[14] A Cigarra e a Formiga, A Raposa e a Cegonha, a Tartaruga e a Lebre, entre tantas outras fábulas de inesquecível memória.
[15] Ramon Llull (Raimundo Lúlio): 1232 – 1316.
[16] Datadas do séc. VI/VII a.C.
[17] 1621 – 1695.
[18] 50-138 d.C. Nascido escravo, na Frígia, em razão do seu talento foi tornado liberto.
[19] Marco Aurélio (121 – 180), de 161 até à sua morte foi imperador romano.
[20] 1788 – 1860.
[21] Provável herança da eudaimonia utilizada por Aristóteles (384 – 322 a.C.).
[22] Destaques no original.
[23] Não há como referir, senão em termos conjecturais, porque inexistem, na Maçonaria, pesquisas sobre o tema.
[24] 1807 – 1881.
[25] Um dos autores, por inúmeras vezes, inclusive nos Altos Graus, já testemunhou trabalhos cujo espaçamento, se reduzido ao “entre linhas simples = 1,0”, não superariam a 1 (uma) página.
[26] As celebrações da Revolução Francesa podem ficar à margem, sem lembrar os custos do radicalismo jacobino conhecido como os acontecimentos durante o Período do Terror?
[27] Antropólogo na Universidade de Illinois, Chicago.
[28] 1588 – 1679.
[29] 1712 – 1778.
[30] Reitera-se: trata-se apenas de um exemplo colhido em meio a tantos e tantos que aguardam reflexões e debates.
[31] Cui bono?
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