Bandeja de Prata
“Nenhum Estado foi entregue a seu povo numa bandeja de prata.”
Chaim Weizmann
A terra está imóvel, silenciosa,
O céu que estava em chamas se apaga sobre as fumegantes fronteiras.
E uma nação se ergue. Angustiada e ferida, mas, mesmo assim, altiva.
Respirando pesadamente, aguarda a realização do incomparável milagre.
Ela se prepara para a impossível cerimônia e, de pé,
Ante a lua, que já pálida desaparece, revestida de tensão,
Olha esperançosa o alvorecer que já fulge.
De repente, eis que surgem um rapaz e uma moça,
Que, ante a visão de todo o povo, avançam pausadamente.
Abraçados, com roupas de trabalho, botas enlameadas,
E pesados apetrechos de batalha,
Percorrem em silêncio o caminho ascendente.
A jornada foi árdua e fatigante.
Não trocaram suas roupas e não apagaram de seus rostos
Os sinais da longa noite sob a linha de fogo.
Cansados, esgotados, sedentos de repouso,
O suor, qual orvalho matutino, lhes umedece o rosto juvenil.
Súbito, estacam e se quedam imóveis e silenciosos.
E ninguém sabe se ainda vivem
Ou foram alcançados por balas mortíferas.
Lágrimas brotam nos olhos do povo que os fita,
E grita emocionado: “Quem sois vós?”
E ambos, num murmúrio, respondem:
“Somos a bandeja de prata em que vos foi entregue o Estado Judeu.”
E dizendo estas palavras, caem inertes e a sombra os oculta.
E o resto será contado nos capítulos da história de Israel.
Poema de Nathan Alterman
Versão livre de David Gorodovits