Yeshua ben Yoseph
A contribuição de Jesus na história da cabala
Quando: Século I
Onde: Judéia
Livro: Evangelhos
Importância: Levou a Torá as ovelhas perdidas da casa de Israel
Como não poderia deixar de ser o papel de Jesus (Yeshua Ben Yossef) na história da cabala judaica é bastante controverso. Por despertar forte emoções religiosas em muitas pessoas esse assunto é quase sempre deixado de lado ou mesmo evitado entre cabalistas judeus. Mas esta não é a unanimidade. Para alguns Jesus foi um cabalista, para outros o maior cabalista de todos os tempos, para outros uma peça fundamental na evolução da Cabala na história da humanidade.
Jesus falava ensinava em parábolas assim como Moisés ensinou com a linguagem dos Ramos e Raízes. Embora os evangelhos (canônicos e apócrifos) não tenham sido escritos por ele, mas por seus seguidores eles mostram que essencialmente os ensinamentos são os mesmos que a cabala ensina. Entre elas:
- Gilgulim neshamot e a história de João Batista ser Elias.
- Gilgulim neshamot e a lista genealógica de Jesus no começo do evangelho de Mateus
- Gerim Tzeddikim e a história da ovelha perdida, do dracma perdido e do filho pródigo.
- Shalosh Kavim e o conceito de trindade
- Partzufim e as cinco almas, mundos, luzes e árvores do evangelho de tomas
- Os dois aspectos do messias (filho de Davi e filho de José)
- O amor a Deus e ao próximo como cumpridor de todos os mitzvot
- Tehyas Hameyshim e a ressureição
- Masakh e o Véu do Templo
- A idéia de que a percepção define a realidade e a ideia de que “a candeia do corpo são os olhos”
- Lashon hara e o controle da língua
- Ruah Hakodesh e o Espírito Santo
- Kavim e os dois mestres que não podem ser servidos juntos ( e os dois ladrões crucificados juntos)
- Galgaltha e Golgota
Note que os significados cabalísticos do evangelho não estão apenas nos ensinamentos direto de Jesus, mas principalmente nos eventos descritos. Isso nos leva a concluir que seus discípulos foram instruídos nestes segredos e que o evangelho pode ser inteiramente lido como uma analogia para a evolução da alma, exatamente como a Torá. Além disso tudo a ênfase no amor ao próximo antes do legalismo é um atrator estranho entre muitos outros grandes nomes da história da cabala. Ironicamente os ensinamentos de Jesus encontrariam sua própria forma de fariseismo alguns séculos depois.
Não é a toa que séculos depois dele nasceu todo um ramo de estudos da cabala conhecido hoje como cabala cristã e que influenciou cabalistas como Pico della Mirandola e Cornelius Agrippa. De acordo com o cabalista Rav Moses David Valle, Jesus teve a missão importante no desenvolvimento da cabala, pois levou os segredos do Torá para todas as nações gentias para “salvá-los de suas misérias” em uma época em que finalmente estavam prontas para recebê-las. Obviamente isso não tem nada haver com a maior parte do cristianismo de hoje onde Jesus é um ídolo e sua adoração é mais importante que seus ensinamentos.
Para Rav Moses todo conflito entre o cristianismo e a Torá não tem razão de ser pois são em essência uma coisa só: “As Crianças de Israel se recusam a acreditar que o poder de Deus estava fluindo por Jesus e que ele redimiu os gentis. E os cristãos se recusam a acreditar que tudo isso veio de um Deus, uma Luz.”. E ele vai ainda mais longe, segundo Moses Jesus foi morto justamente por tentar levar a Cabala para as massas.
Este ponto é muito curioso pois se formos ver se não houvesse Jesus não haveria séculos depois da cabala cristã e consequentemente ela não teria saído do seio judeu, não haveria portanto as variações mais recentes da cabala, como a cristã, a hermética e muito menos cabala draconiaca, que ironicamente é estudada hoje justamente por nove a cada ‘anti-cristos’. Ou seja, Jesus foi crucial para a sobrevivência da cabala nos milênios que se seguiriam e mesmo que não tenha recebido este nome entregou muitos princípios da Cabala aos seus seguidores. É quase como se a sabedoria estivesse protegendo a si mesma da diáspora judaica que se seguiria a destruição do Templo de Jerusalém.