Incorporando Cabala à sua prática: uma resenha de Sepher Yetzirah Magic
No texto de hoje vamos experimentar com um formato que ainda não exploramos aqui n’O Zigurate: a resenha de livros. E são vários os motivos pelos quais eu escolhi justo o Sepher Yetzirah Magic: Magic and Meditations derived from the first and greatest Qabalistic work, de David Rankine (Hadean Press), para inaugurar esse tipo de trabalho: trata-se 1) de um livro recente, que saiu em outubro do ano passado (e que é relativamente barato, 25 reais o ebook para o Kindle); 2) de um autor contemporâneo consagrado, que já escreveu várias obras sobre magia astrológica e elemental, Cabala, teurgia e conjuração de espíritos, tendo colaborado ainda com outros grandes nomes como a hecatiana Sorita d’Este e o Dr. Stephen Skinner, figurão do trabalho com grimórios; 3) é um livro bom e útil para quem tem interesse em Cabala judaica; e 4) a discussão serve para tocarmos em questões sobre as quais eu quero falar faz um tempinho. É revigorante ver que existem mais pessoas interessadas no trabalho com misticismo judaico no meio esotérico hoje.
Há quem possa ter lido esta última frase com alguma perplexidade: “Como assim, Frater? Cabala é, desde o século XVI, pelo menos, uma das bases do esoterismo ocidental!” Sim, é verdade, mas a qualidade do trabalho cabalístico tem melhorado muito nos últimos anos. Quando eu fiz a minha transição de cético curioso para praticante de fato do ocultismo, eu tive um choque, porque a minha experiência com Cabala até então tinha sido orientada pela leitura de textos associados à Cabala judaica, e o contato com a Cabala hermética praticada pela Golden Dawn foi um pouco perturbador. A correspondência entre as sefiroth e os planetas parece ter um papel crucial no entendimento da Árvore da Vida pela Cabala hermética, o que não acontece, de forma alguma, nos principais escritos da Cabala judaica, para dar um exemplo[1] — e, para piorar, não há correlação entre os dois sistemas de atribuição planetária! A Cabala hermética também tem uma dependência extrema no layout da Árvore da Vida usada por Athanasius Kircher, que serviu para o pessoal da Golden Dawn, incluindo Crowley, estabelecer a distribuição das letras hebraicas que fundamenta o tarô. Então, se passarmos para o layout da Árvore da Vida de Isaac Luria, que eu considero mais funcional, o sistema todo desaba. Eu não quero dizer que o sistema da Golden Dawn não seja bom e bacana — ele funciona e muito bem, por sinal, por isso que eu ofereço um curso sobre os seus principais rituais, mas apresenta limitações para o praticante mais avançado. No mais, com frequência nota-se uma profunda bitolação nesses sistemas por quem passa muito tempo neles, especialmente quando tratamos dos tabelões como o do Crowley em Liber 777, o que tem gerado uma vasta quantidade de bobagem que só serve para criar péssimos hábitos nos iniciantes. E eu sinceramente nunca vi tanta bobagem pura e condensada do que quando li um livro do Samael Aun Weor sobre tarô e Cabala.
Tudo isso é bastante compreensível quando consideramos as limitações com as quais os ocultistas dos séculos passados tiveram que lidar. O misticismo judaico, no geral, que tem dentre os seus vários ramos a Cabala, não é o mais acessível dos assuntos. Nomes como Gershom Scholem, Martin Buber e Aryeh Kaplan, no começo do século XX, tiveram um papel enorme para retificar isso. Se eu posso falar que sei qualquer coisa de Cabala hoje, é por causa desse pessoal, mas a turminha da Golden Dawn, que viveu pouco antes de eles nascerem ou até foram contemporâneos, mas cujos caminhos não se cruzaram, não teve a mesma sorte. Havia um grande furor, louvável, entre os membros da Ordem por procurar todo tipo de texto mágico que estivesse à mão para trazê-los para sua realidade — um exemplo sendo a Magia Sagrada de Abramelin, o Mago, que Mathers traduziu e que teve um impacto enorme no meio ocultista — , mas o acesso a textos cabalísticos legítimos era difícil (ainda é, na verdade, como se pode ler neste artiguinho aqui sobre livros proibidos que ainda não foram publicados), e o seu conhecimento de hebraico para além do reconhecimento das letrinhas, bastante deficiente. Assim, eles pegaram o que conseguiram e preencheram as lacunas com sua lógica, intuições, revelações pessoais e às vezes (importante reconhecer) bobagem. Eu reconheço o brilhantismo dos ocultistas do XIX e começo do século XX, e o fato de terem concebido algo tão coeso e funcional quanto o sistema da Golden Dawn é digno de nota, mas é igualmente crucial saber aproveitar o privilégio que é termos nascido numa época em que o material mais autêntico é acessível.

Rankine deve ter tido uma impressão semelhante. Anos atrás, ele também publicou alguns livros sobre a Cabala hermética, mas a introdução do seu Sepher Yetzirah Magic diz o seguinte:
“A Qabalah mágica moderna, assim como muitas tradições mágicas, mudou muito desde as suas raízes (na Kabbalah judaica[2]). Eu digo mudou e não evoluiu, pois a apresentação comum da Qabalah vem estreitando o seu foco de tal maneira que acabou excluindo um vasto corpus de obras e material significativos, perdendo, nesse processo, muitas técnicas, ideias e perspectivas úteis.
Como muitos outros magistas, meu estudo da Qabalah começou com obras como A Cabala Mística, de Fortune, e a Kabbalah Denudata, de Mathers. A primeira obra e a longa introdução de Mathers à segunda, combinadas com as tabelas de correspondência popularizadas por Crowley em 777, tornaram-se o corpus da Qabalah moderna, centrada em torno do símbolo da Árvore da Vida e uma ênfase excessiva em ‘path-working’ (i.e. meditações guiadas de paisagens mentais interiores)”.
Conforme Rankine prossegue, ele afirma a necessidade de retorno aos textos de base da Cabala judaica, como o Zohar, o Bahir e o Yetzirah, não só pela “riqueza e qualidade do texto”, mas também pela antiguidade e pela “perspectiva panorâmica” que se abre nesse processo — numa entrevista ao podcast Witchhassle, Rankine compara a experiência como sendo parecido com a sensação que você tem quando só tem TV aberta e de repente passa a ter TV a cabo.
Mas o que é o Sepher Yetzirah e por que ele é tão importante?
Bem, eu já falei brevemente dele num texto anterior, sobre as correspondências do tarô. É uma obra do misticismo judaico de grande antiguidade, do começo da era cristã. Yetzirah significa “criação” ou “formação”, sendo um dos famosos quatro mundos cabalísticos (Atziluth, Briah, Yetzirah e Assiah), representando a penúltima etapa da criação antes do surgimento do mundo físico. Já Sepher, ou Sefer, quer dizer “livro”, por isso é o “Livro da Formação” ou “Livro da Criação”. Seu texto é conciso, misterioso e complexo, ocupado principalmente com as propriedades místicas da linguagem. Como se sabe, a linguagem, para o judaísmo e sobretudo o misticismo judaico, é mais do que apenas comunicação, mas a própria essência com a qual Deus criou o mundo. As letras hebraicas não são apenas representações da fala, mas os tijolos da Criação, ela própria sustentada pela Torá. A forma como elas podem ser usadas para elevação espiritual e manifestação da vontade neste plano é, claro, o grande segredo mágico, e é isso que esta obra pretende expor. Uma das muitas coisas que o Sepher Yetzirah faz é afirmar as correspondências cósmicas de cada letra, com o planeta, elemento ou signo ao qual elas dizem respeito, partes do corpo, etc. Mas é também um manual de meditação… só que, para se extrair esse tipo de informação dele, é preciso fazer uma leitura bastante profunda e talvez um bom tanto de inspiração divina. Por esse motivo, a edição de Aryeh Kaplan, Sepher Yetzirah: The Book of Creation, que contém a tradução para o inglês e extensos comentários e notas, é tão valiosa. Essa edição já foi traduzida para o português como Sêfer Ietsirá: o Livro da Criação, pela editora Sêfer, e eu recomendo imensamente que todos interessados em Cabala no geral, judaica ou hermética, leiam esse livro.
O tema da meditação cabalística perpassa toda a obra de Kaplan, e eu recomendo ainda o seu livro Meditation and Kabbalah (Meditação e Cabalá, na edição também brasileira publicada pela Sêfer) para quem tem interesse. Os capítulos que tratam da meditação extática de Abulafia sobre o Tetragrama e o Shem Hamephorash são bastante valiosos. E há também algumas meditações em sua versão do Yetzirah, mas nada tão detalhado, nem muito acessível ao iniciante. O que Rankine faz, em Sepher Yetzirah Magic, é oferecer práticas que são, ao mesmo tempo legítimas, pois radicadas firmemente no material cabalístico autêntico, e acessíveis. Mesmo que você não tenha lido o Yetzirah, é possível se beneficiar desse livro, mas se for a primeira vez que você estiver tendo contato com o alfabeto hebraico, é possível que acabe se sentindo meio perdido.
O Sepher Yetzirah Magic se estrutura com base nos tipos das letras, segundo a divisão que o Yetzirah faz: três letras são chamadas de mães, o álef, mem e o shin, que equivalem aos elementos ar, água e fogo, respectivamente[3], e que são as letras que permeiam todo o alfabeto, sendo o álef a 1ª letra, mem a 13ª, mais ou menos no meio, e shin sendo a penúltima. Outras 7 letras são duplas, pois historicamente apresentam duas pronúncias possíveis (como bet que tem som de B ou V, dependendo do contexto), e equivalem aos 7 planetas. As últimas 12 letras são simples e equivalem aos 12 signos do zodíaco. Para cada grupo, Rankine oferece alguma possibilidade de trabalho prático: com as mães, ele oferece uma meditação designada para ajudar a obter o que se chama de consciência Chokhmah[4], e outra para construção de caráter, visando a atrair qualidades e redimir maus comportamentos. Com as letras duplas, Rankine ensina uma meditação para atrair ou repelir qualidades positivas e negativas e uma visualização para consagração de talismãs planetários. Com as letras simples, que incluem iud, heh e vav, as três letras do nome inefável de Deus, YHWH, o Tetragrama (chamadas de letras “pais”, derivadas das “mães” álef, mem e shin), há um ritual de consagração do espaço, servindo para purificar o ambiente e fortalecê-lo como um centro para invocação de energia divina.
Na sequência, Rankine oferece um perfil de cada letra individual, comentando suas correspondências, numerologia e o seu envolvimento na criação — no prólogo do Zohar, há uma história, bastante divertida, em que cada letra se apresenta diante de Deus e faz um argumento sobre o porquê de ela merecer começar a Criação, ao que Deus responde negando a todas elas, exceto ao bet, com certos argumentos, e é por isso que a primeira frase do Gênesis, a primeira frase da Torá e toda a Bíblia, começa com B, bereshit barah Elohim et-hashamayim v’et ha’aretz (“no princípio criou Deus o céu e a terra”). Tendo feito essa apresentação, Rankine ensina uma meditação diária projetando todas as letras, cada uma numa parte do corpo, para fortalecer o corpo energético, e outra, mais avançada, envolvendo os 231 “portais”, i.e. todas as permutações possíveis de pares de letras.
Na última parte do livro, Rankine se desvia um pouco do assunto principal para tratar de questões acerca da importância da prece (e oferecendo diretrizes para rezar da forma mais adequada, segundo as fontes tradicionais), purificação (incluindo banhos e jejuns) e fragrâncias. De fato, as últimas páginas são dedicadas a falar de óleos e incensos, um material que não consta no Yetzirah, mas cuja relevância é enfatizada pelos textos bíblicos.
Nessa parte, eu tenho um pouco de trauma do assunto, por conta de um livro medonho chamado The Qabalah Workbook for Magicians, que se propõe orientar o neófito em Cabala hermética, indo sefirah por sefirah, oferecendo reflexões e meditações sobre cada uma. Até aí tudo bem, mas acontece que, logo de cara, a autora começa com Keter e afirma que âmbar-gris, um tipo de substância, absurdamente cara, produzida por cachalotes e historicamente usada por nobres como condimento e perfume, que certamente não é kosher, seria o perfume de Keter, a primeira e mais elevada das sefiroth… e, de fato, é o que consta no 777. Ela também afirma que o diamante é a pedra de Keter. Bem, fazer o quê, né, é o que o Crowley diz sobre o assunto, o que até faz sentido se você adere a essa noção de correspondências[5]… o problema começa quando você pressupõe que esse tipo de material serve qualquer propósito em ajudar a obter alguma compreensão de Keter. A autora sequer faz qualquer descrição sobre Keter que ajude a entendê-la conceitualmente, mas já começa pedindo que você reúna um monte de tranqueira cara, como se isso fosse ajudar a obter uma compreensão melhor da Cabala. Eu tenho absoluta certeza que os mestres cabalistas tinham um perfeito domínio do tema, mas não foi queimando âmbar-gris e olhando para um diamante que eles chegaram a ele (como dito, âmbar-gris sequer é kosher), e sim por meio de estudo e práticas contemplativas. Coitado do pobre diabo que compra um livro como o Qabalah Workbook for Magicians achando que vai encontrar algo de útil e logo no começo já é impedido de começar por não ter uma porra de diamante (mesmo bruto ou industrial, é um negócio caro). Chokhmah é igualmente absurdo, pois exige um rubi, e assim por diante. É bastante ridículo e sintomático dos piores hábitos da Cabala hermética, o que realça, para mim, a importância de um trabalho como o que o Rankine fez aqui.
A forma como Rankine lida com o assunto na seção sobre fragrâncias é tratando-as como um bônus. É algo que você pode incluir na prática para facilitar o trabalho de conexão com o divino, assim como acontecia com os óleos e incensos usados no Templo, mas ele faz uma pesquisa muito mais histórica e não se baseia nessas correspondências da Cabala hermética. Suas receitas são bastante interessantes e praticáveis, mas não são absolutamente necessárias.
Enfim, dito tudo isso, o que você não deve esperar do Sepher Yetzirah Magic é que ele ofereça um sistema completo. É um livro bastante curto, com apenas 120 páginas, e infelizmente, há várias áreas do trabalho com o Yetzirah que são esboçadas por Aryeh Kaplan e que poderiam ser desenvolvidas melhor, como a exploração das vogais, além das consoantes, outras aplicações dos métodos de Abulafia ou formas de se usar as correspondências dos dedos.

Porém, é claro que exigir um sistema completo de um livrinho deste tamanho seria pedir demais. O que Rankine oferece é um belo começo para um sistema energético baseado legitimamente na Cabala judaica. Eu entendo que o público desse livro seria o estudante familiarizado com a estrutura do pensamento cabalístico, porém ainda desprovido de um sistema mágico prático orientado por essa estrutura (o que ele poderia, sim, elaborar por conta, mas é mais fácil quando alguém já fez esse trabalho para você antes). Já dá para fazer muita coisa tendo um ritual de consagração do espaço, para uso diário, um exercício de sutilização do corpo energético e uma meditação para consagração de talismãs, e nada aqui entra em conflito com o que você poderia encontrar em outras obras de magia cabalística, como o Qabbalistic Magic, de Salomo Baal-Shem, ou os livros raros da série Shadow Tree de Jacobus Swart. No mais, o trabalho de pesquisa de Rankine é admirável, e qualquer um com interesse no assunto faria bem em explorar os livros citados em sua bibliografia.
Por fim, tem uma última questão que eu sinto que precisa ser abordada, que não é tanto esotérica quanto ética: esse tipo de prática pode ser feita por qualquer um? Ou só por judeus?
Este é um problema bastante espinhoso. A resposta tradicional é não, Cabala era assunto só para judeus, homens, casados e acima dos 40 anos… mas dá para entender que esse tipo de atitude dogmática não é a mais fácil de defender (especialmente a parte que exclui as mulheres). No mais, se uma autoridade como Kaplan não quisesse que as pessoas incorporassem essas práticas, ele não teria dado as instruções e publicado seus livros nas editoras esotéricas mais populares do EUA, como a Weiser… e, em todo caso, como se pode ver no artigo supracitado, os livros realmente proibidos continuam longe do alcance do público. Ao mesmo tempo, não podemos ignorar que existe, sim, no ocultismo ocidental, uma tendência colonizadora que não é intrínseca a suas práticas espirituais, mas que acaba vindo junto como consequência de surgir numa cultura colonialista, para a qual tomar de qualquer jeito as práticas dos outros povos, sem respeito pelas fontes, é um direito inalienável.
É certamente inaceitável assumir uma postura como a dos primeiros cabalistas cristãos, cujo objetivo era tornar-se fluente na linguagem da Cabala para dizer aos judeus que eles não entendiam o próprio sistema místico e tentar provar por A+B que Jesus é o Messias. Igualmente inaceitável é o “argumento” de que a Cabala seria, “na verdade”, uma prática grega, egípcia ou hindu que teria sido apropriada e “deturpada” pelos judeus (quem afirma essas barbaridades são os nazistas, literalmente, da Joys of Satan), portanto valeria a lógica do “ladrão que rouba ladrão”. Se o seu interesse em Cabala se dá por essas linhas, então de fato é melhor que você fique longe mesmo (e, já que estou dando sugestões, aproveita também e deita logo numa BR, seu filho da puta). É a mesma lógica daquele pessoal que você vê se esforçando para embranquecer a Umbanda ou então que vende ayahuasca ou “Reiki xamânico” sendo mais branco que maionese.
Porém, para quem tem um interesse genuíno no pensamento judaico e respeito pelo povo e sua história marcada pela opressão e perseguições, eu não vejo problema em incorporar conceitos cabalísticos e práticas espirituais orientadas por esses conceitos. Só é preciso manter duas coisas em mente: 1) a importância de procurar as fontes legítimas, para não reproduzir discursos cabalísticos que, na verdade, pertencem à Cabala hermética; e 2) ter a consciência de que não é porque você sabe algumas coisas que você pode se rotular como “mestre cabalista” ou algo do gênero (especialmente se for para vender coisas). Respeitando-se essas ressalvas, o trabalho com a Cabala tem um vasto potencial para profundamente enriquecedor para a sua vida espiritual.
* * *
[1] Não é que não haja, na Cabala judaica, uma relação entre os planetas e algumas das sefiroth, mas essa relação é muito secundária, tanto que mal aparece nos principais textos, ao passo que, para a Cabala hermética, é crucial. Os cabalistas judeus conseguem entender conceitualmente Netzach e Hod, por exemplo, sem recorrer a paralelos com Vênus e Mercúrio.
[2] Em inglês, convencionou-se grafar Qabalah com “Q” para descrever a Cabala hermética da Golden Dawn, Crowley, Regardie, Dion Fortune e grande elenco, em oposição a Kabbalah com “K”, para se referir à Cabala judaica.
[3] O quarto e mais denso elemento, terra, não entra nesse esquema, sendo uma combinação dos outros. A própria letra mem deriva de uma símbolo com o sentido de água, historicamente, ao passo que o álef é uma consoante muda, i.e. puro ar. Já shin faz parte da palavra hebraica para fogo, esh.
[4] Como explica Kaplan, nossa consciência mundana e funcional está associada à sefirah de Binah, ao passo que a consciência expandida do estado meditativo pertence a Chokhmah.
[5] Não é que não haja correspondências na Cabala judaica, mas elas são mais sutis e menos sistemáticas, como se pode ver aqui, onde se observa que Yesod está, associada, por exemplo, ao arco-íris e ao Monte Sião. A Cabala hermética trabalha com correspondências com planetas, que são bem estabelecidas já, e o resto vem por tabela, e é por isso que ela associa Yesod com um cristal como o quartzo, porque entende que Yesod é a Lua… o que gera um processo de telefone sem fio que pode causar muita confusão.